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Hoje estou aqui para fazer review de “Hollow Knight”, jogo independente (indie) desenvolvido e publicado pela Team Cherry.
Lembrei dele porque estou começando a jogar novamente, desta vez no PS5, e como no nosso próprio grupo do cast tem pessoas que não jogaram, acho legal espalhar a palavra do “Cavaleiro sem nome”. Devo dizer que joguei ele inteiro na versão para Nintendo Switch e por conta disso o review será baseado na versão para o “portátil” da Big N. Faço questão de dar destaque para portátil porque foi assim que eu joguei 99% do jogo. Darei detalhe sobre o 1% (ah aquele 1%!) durante o review e entenderão. Mas chega de enrolar, vamos ao review, afinal “Velho Também joga”!
A pulga e o percevejo fizeram combinação
“Hollow Knight” conta a história, quer dizer, não conta a história, o jogador tem que estar muito disposto à encontrá-la, mas vamos ao enredo do jogo (obrigado wikipedia):
“Um cavaleiro sem nome (você, jogador!) explora um reino em ruínas, habitado por insetos, para livrá-lo de uma infecção causada por um Deus esquecido. O jogador deverá derrotar incontáveis inimigos poderosos e desbloquear habilidades novas para prosseguir no jogo e para explorar o reino esquecido em que se encontra e descobrir seus segredos.”
Ainda vou falar sobre o fator Metroidvania, mas na história acho que o melhor estilo para identificar seria “souls like”, não apenas pela dificuldade, mas por ele não entregar a história. Assim como na série souls, cabe ao jogador encontrá-la ao longo das fases, em pequenos diálogos com NPCs, detalhes deixados pelo cenário, no diário que o jogo atualiza conforme você avança, e depois deve-se pegar toda essa informação e montar tudo em sua cabeça. Esse foi um dos principais fatores que me fizeram seguir jogando. Eu queria saber mais do cavaleiro sem nome, do cavaleiro vazio, da hornet, etc.
O ponto negativo talvez seja que é perfeitamente possível você passar pelo jogo sem entender quase nada, o que seria uma pena, porque a história do jogo vale a pena e é por isso que merece 4 bengalinhas.
Fizeram serenata debaixo do meu colchão
A trilha sonora de “Hollow Knight”, criada por Christopher Larking, é muito boa e marcante, se destacando em meio à tantas trilhas comuns que tenho visto em filmes e jogos. Arriscaria dizer que é a melhor trilha sonora já feita para um jogo de plataforma, melhor até que a de “Castlevania: Symphony of the night”. Ela consegue ser grandiosa sem demonstrar arrogância. Tem todo um clima sombrio e complexo, mas sem deixar de ser a trilha para um jogo de videogame. Li uma entrevista em que Christopher indicou que pediram para ele que que os arranjos tivessem uma elegância sombria e melancólica. Em minha opinião ele atingiu em cheio o objetivo.
Como falei, minha experiência com o jogo foi quase que totalmente no modo portátil do Nintendo Switch, então joguei sempre de fones de ouvidos e os efeitos sonoros ganharam ainda mais destaque. Os inimigos possem sons únicos, deixando possível você distinguir o que terá que enfrentar. Alguns personagens parecem falar em uma língua própria para o jogo. Todos os sons reagem ao cenário em que você está. Prestar atenção aos sons é algo fundamental no jogo, já que muitas vezes pode te dar uma pista sobre o que fazer.
A escala do velho vai até 5 bengalinhas e este jogo merece todas elas.
Torce, retorce. Procuro, mas não vejo
Até jogar “Hollow Knight” eu achava impossível um jogo de plataforma com uma jogabilidade próxima aos jogos deste estilo da Nintendo. Alguns jogos chegam bem perto disso, mas sempre tem um ou outro “defeito”, ou mesmo característica, que acabam aborrecendo e interferindo na experiência do jogador e te fazem pensar “ninguém faz isso como a Nintendo com Mario e Metroid”, pois a Team Cherry conseguiu. O jogo rivaliza com “Castlevania: SotN”, o que já dá uma noção do primor que é a jogabilidade, afinal além deste ser o melhor Castlevania de plataforma, ele também é um dos melhores jogos do PS One e da história dos videogames.
O jogo é extremamente difícil, bem ao estilo dos jogos Souls. Eu morri inúmeras vezes e o sentimento de frustração nunca era com os comandos ou com o jogo “roubando”, como é comum nós gamers chorarmos. O sentimento era sempre de que eu precisava ser melhor. A jogabilidade é tão precisa que eu imaginava que alguns desafios iriam precisar de itens que eu não tinha (alô White Palace e Path of pain, estou falando de vocês) e na verdade o que faltava era apenas habilidade E COLOCAR O JOGO NA TELEVISÃO. Sim, lembra que eu falei que 1% da minha jogatina foi na TV? Então, eu percebi que umas poucas batalhas e cenários não funcionavam para jogar no modo portátil. Veja bem, não funcionavam por uma limitação minha e não do videogame ou do jogo. Aliás, esta é uma curiosidade que eu tenho, porque o design das fases é incrível. Como todo bom Metroidvania, você vai passar dezenas, ou centenas, de vezes pelo mesmo local, mas em momento algum eu me sentia perdido ou aborrecido de ter que ficar indo e vindo atrás de itens ou novas habilidades.
Outro ponto fundamental do jogo é o sistema de amuletos. Fico impressionando como um jogo sem pontos de experiência para gastar em diferentes habilidades conseguiu criar um sistema de “builds” tão eficiente e recompensador quanto “Hollow Knight”. Cada amuleto possui um poder diferente e um custo para ser equipado. Ao ser equipado o cavaleiro ganha uma nova habilidade, porém existem diferentes combinações de amuletos que interagem entre si, mudando as características da habilidade recebida. O número de espaços para equipar amuletos é extremamente limitado, mesmo no momento em que todos espaços disponíveis estão liberados, então cabe ao jogador definir o que é o melhor para cada momento. Com isso você não precisa se prender à um build específico, mas pode ir alternando.
Por último temos o sistema de batalha, e confesso que escrevo isso com certa estranheza, por se tratar de um jogo de plataforma 2D. Não me recordo de outro jogo neste estilo que eu considere ter um sistema de batalha. Mesmo os Castlevanias do NES nunca foram tão exigentes ao ponto de trazer o desafio deste jogo. Você realmente precisa aprender a lidar com cada inimigo que encontra e isso vale tanto para os bichinhos comuns espalhados pelo mapa, quanto para os “bosses” encontrados. As lutas com os “chefes” são verdadeiras batalhas que exigem paciência e aprendizado. Em nenhum momento do jogo, independente do quanto meu cavaleiro estivesse aprimorado, foi possível ir para a trocação franca com os chefes. Não tem essa de ver quem morre primeiro, como é comum em jogos do gênero. Você sempre vai morrer primeiro, então trate de ter paciência, tentar descobrir o padrão e melhorar. Chorar não vai te fazer passar de fase e nem adianta culpar o jogo, porque lembra o que escrevi sobre a jogabilidade? Ela é impecável.
Não tem como ser diferente mais 5 bengalinhas para o jogo.
Não sei se era a pulga ou se era o percevejo
Ao longo deste review tentei colocar fotos que trouxessem um pouco da beleza de “Hollow Knight”, porém as fotos não dão noção do quanto o jogo é bonito. O visual, assim como a trilha sonora, é sombrio e elegante ao mesmo tempo. Todos os cenários e personagens foram desenhados à mão.
Todos personagens são insetos, mas ao contrário do que cantam os titãs, aqui não tem bichos escrotos. Todos possuem personalidade própria e conseguem transmitir sentimentos básicos, mesmo com um visual muito simples. A animação deles está impecável.
As fases dentro do jogo possuem grande variação, passando por locais tão diferentes entre si quanto uma colmeia e um palácio real, porém todos são bonitos, possuem uma assinatura própria e combinam entre si. (Pode parecer algo repetitivo nos meus reviews, mas é algo que acho importante dentro dos jogos. Lembrando que eu tento falar somente sobre as obras que eu gostei, afinal a ideia é dar dicas para outros velhos com pouco tempo, assim como eu. 😉)
Ainda que seja um jogo 2D, a desenvolvedora abusa do efeito de parallax para dar mais profundidade aos cenários. Isso funciona tão bem que em alguns momentos fiquei na dúvida se era um cenário 3D com jogabilidade 2D nas plataformas. Ponto positivo para a criatividade para encontrar soluções para as limitações que o pouco recurso financeiro trouxe.
Mais 5 bengalinhas para o jogo.
Era um sonho
“Hollow Knight” é o melhor jogo que eu joguei em 2019 e a experiência de jogar novamente em 2021 está sendo muito agradável. O jogo consegue mesclar a experiência de exploração no estilo Metroidvania com um sistema de batalhas ao estilo souls. A história do jogo me prendeu do início ao fim, ainda que exija paciência e dedicação para ser encontrada.
Todo o visual, desenhado à mão, é impressionante por sua beleza e pelo cuidado dedicado em cada detalhe. Aliás, poucos jogos conseguem usam o cenário tão bem o cenário para contar histórias. Pontos para a excelente direção de arte. Este visual é complementado por uma trilha sonora digna das grandes produções de videogame, ou mesmo do cinema. As músicas são marcantes. E ainda tem o bônus dos efeitos sonoros impecáveis e totalmente integrados à jogabilidade, te guiando e te ajudando se você souber prestar atenção.
Tudo isso poderia ser ofuscado pela dificuldade do jogo, que é muito alta, mas a desenvolvedora caprichou e a jogabilidade é uma das melhores que já vi em um jogo de plataformas 2D. Você vai querer seguir jogando e evoluindo até o ponto de fazer coisas que achava impossível e que necessitariam de um novo item.
Gostaria de dar uma salva de palmas para este pequeno estúdio australiano, que fez uma verdadeira obra prima dos videogames. Desconfio que hoje “Hollow Knight” esteja entre os 10 jogos que mais gostei de jogar. Incrível que tenham feito isso “nos anos 2000” e com apenas 57 mil dólares. Nota máxima para Hollow Knight.
Resumo da história (com spoilers, via Chat GPT):
Ambientação:
O jogo se passa em Hallownest, um reino subterrâneo em ruínas. No auge de sua civilização, Hallownest foi governado pelo Rei Pálido (Pale King) e sua Rainha, a Rainha das Abelhas (White Lady). O reino foi ameaçado por uma infecção que deixou seus habitantes insanos e agressivos. Essa infecção emanava do Radiance, um antigo deus que buscava retomar seu domínio sobre as mentes dos habitantes de Hallownest.
Vasos e o Hollow Knight:
Para combater a infecção, o Rei Pálido concebeu os vasos – seres vazios, criados a partir de seu próprio “sangue”. Esses vasos deveriam ser completamente desprovidos de vontade ou desejo, tornando-os resistentes à influência do Radiance. O Rei Pálido escolheu um vaso, o Hollow Knight, para conter a infecção. Ele foi selado no Templo do Ovo Negro, sob a vigilância de três seres sonhadores, enquanto a cidade ao redor caía em declínio.
O Cavaleiro:
O jogador assume o papel de um desses vasos, frequentemente chamado de “o Cavaleiro”. Depois de viajar pelo mundo superior, o Cavaleiro desce a Hallownest para descobrir sua verdadeira natureza e propósito.
Descobrindo a História:
Conforme o Cavaleiro explora, ele enfrenta os efeitos da infecção, desvenda o passado do reino e descobre a verdadeira natureza dos vasos e seu próprio papel em Hallownest. Ele enfrenta os Dreamers, desbloqueando o acesso ao Hollow Knight selado.
Desfechos:
O jogo tem vários finais:
- Final Básico: O Cavaleiro derrota o Hollow Knight e toma seu lugar, selando-se no Templo do Ovo Negro, contendo a infecção.
- Final “Sealed Siblings”: Se o Cavaleiro obtém o Charm “Void Heart” e luta com o Hollow Knight, Hornet intervém, resultando no Cavaleiro e Hornet sendo selados juntos dentro do templo.
- Final “Dream No More”: Se o Cavaleiro completa certos requisitos e desafia o Radiance, ele enfrenta e derrota este antigo deus, purificando a infecção e liberando os espíritos dentro. O Reino de Hallownest permanece em ruínas, mas livre da infecção.
Além da trama principal, há inúmeras subtramas, como a trágica história de Quirrel, a busca de Hornet por sua identidade, e as várias histórias dos outros habitantes de Hallownest.
Por fim, a sequência, “Hollow Knight: Silksong”, segue a personagem Hornet enquanto ela embarca em sua própria aventura, expandindo ainda mais a rica tapeçaria narrativa deste mundo.