Alô! Alô! Pessoas velhas de todas as idades, estou de volta para mais uma crítica da revista periódica dos “X-Men”, desta vez é a edição 17, lançada pela Panini em maio de 2021. Este volume reúne os títulos: “Marauders” 10, “Cable” 2, “Hellions” 4, “X-Factor” 1 e “Giant Size X-Men: Magneto”.
“Marauders (Carrascos) 10 – Não deixe ninguém para contar a história”.
História escrita por Gerry Dugan, ilustrada por Stefano Caselli e colorida por Edgar Delgado.
Devo confessar que por mim o primeiro passo deste soft reboot de “X-Men” seria o extermínio de milhares e milhares de mutantes como já fizeram no passado, isso não foi feito e ficam tentando enfiar uma centena de personagens diferentes na história e, para mim, fica bem ruim. Dito isso, algumas vezes eles pegam algum mutante e dão um uso bem maneiro para seus poderes, como foi o caso da Tempo nesta edição. A sacada de usá-la para envelhecer uísque foi muito boa. Pela primeira vez também gostei de um dos muitos textos gigantes auxiliares e conseguiu mostrar um pouco do relacionamento que a Kate Pryde tem com o Noturno. Apesar de muito bem escrita, a história me pareceu ser resolvida de maneira muito fácil. Poderiam ter dado mais uma edição para o Gerry ter complicado um pouco mais. Na parte artística temos o retorno do Caselli para os traços com as cores de Edgar. Diferente dos últimos trabalhos do ilustrador com os mutantes, gostei da arte. Funcionou bem para a história sendo contada. Talvez ele tenha tido mais tempo? Não sei dizer, mas sei que ainda prefiro a dupla Matteo e Edgar.
“Cable 2 – As cinco em uma”.
História escrita por Gerry Dugan e arte por Phil Noto.
Segunda edição de Cable e acho que entendi qual será o foco: ação/história para adolescente. Sim, eu sei que os quadrinhos periódicos dos “X-Men” focam neste público, mas outras histórias ainda dão uma bela enganada. Decidi não me frustrar com a existência de dois Cables e a minha ignorância quanto à isso. So ainda não me senti muito acostumado com a arte do Phil, mas sigo tentando. Fora estes pontos, a história desenrola bem e mostra a versatilidade do Gerry para tratar temas com diferentes níveis de profundidade e maturidade. Ele inseriu uma discussão bem pertinente para os mutantes: mudar ou não para a nação de Krakoa? Seguir pagando as contas no mundo real e sendo totalmente dono do seu próprio nariz ou ir viver numa comuna? O sequestro do bebê, apesar de um link óbvio para os Summers, promete ser um ponto para nos mostrar um pouco mais sobre a seita adoradora de mutantes. Tudo isso e ainda tem umas pitadas de humor com a cidade da Filadélfia e o Cable saindo com algumas garotas da Emma Frost. Vou até ignorar o Cable velho no final e dizer que gostei desta edição.
“Hellions (Satânicos) 4 – O amor sangra”.
História escrita por Zeb Wells, ilustrada por Stephen Segovia e colorida por David curiel.
Zeb consegue finalizar bem a história que tinha tudo para der errado e ser clichê do início ao fim. Acreditei no desenvolvimento dos personagens e até fiquei curioso para saber mais da história de alguns deles. O roteiro também foi habilidoso ao contar rapidamente a história da Madelyne Pryor e só falhou ao usar texto auxiliar para explicar todo o debate ao redor dela ser ou não ressuscitada. Uma pena, eu preferia ver isso no história e não apenas a justificativa final. O trabalho artístico segue impecável, sendo capaz de entregar tudo que o roteiro pede sem tentar inventar nada mirabolante. Finalmente tivemos uma história boa com a minha mutante predileta: Psylocke. Quem diria que eu iria terminar este arco querendo ver mais dos Satânicos?
“X-Factor 1 – Suíte nº 1: Prelúdio: Aurora Moratorium”.
História escrita por Leah Williams, ilustrado por David Baldeon e colorido por Israel Silva.
Temos aqui a estreia de um novo grupo, “X-Factor” e de uma nova escritora para as histórias, Leah Williams. Acredito que seja a primeira mulher que eu vejo escrevendo para os mutantes, pelo menos nesse período novo. O conteúdo que ela teve para passar era muito denso e complexo, então senti que os balões estão carregados, porém, a história contada é muito boa e ela consegui fazer isso com o que sempre gosto de comentar: desenvolvendo os personagens. Tinha um monte de mutante que eu não conhecia, mas não senti nenhum peso por isso. A escolha da Panini colocar essa história nesta edição me pareceu bem sensata, já que o tema da ressurreição foi levantado em outra história desta revista e agora temos mais detalhes. Fica bem melhor do que um texto explicativo. O que me chamou atenção foi o trabalho do David, que é insano. A quantidade de quadros, e de detalhes dentro de cada um, é gigante. Ele chegou a detalhar inclusive os personagens em quadros minúsculos. Normalmente fazem apenas uma silhueta. Imagino o trabalho que isso dá para o Israel, mas ainda assim ele conseguiu colorir tudo muito bem e dar ainda mais vida para esta história. Aqui vai uma curiosidade, se você, assim como eu, leu o nome do colorista e pensou que era brasileiro, também errou, porque ele é Mexicano. Um bom início para mais um grupo mutante que irá ocupar espaço que poderia ser usado para histórias do grupo dos “X-Men”.
“Giant Size X-Men: Magneto – Nenhum mutante é uma ilha”.
História escrita por Jonathan Hickman, ilustrada por Ramón Pérez e colorida por David Curiel.
Me animei bastante por ver uma história do Magneto sendo contada pelo Jonathan, mas no fim das contas não gostei tanto assim dela. Achei que funciona muito bem para dar andamento nas histórias desta saga, mas como história individual tem todo um momento, com o Namor, que tem uma resolução péssima e fica com a impressão de que estava ali só para preencher umas páginas e justificar a venda da ilha que Magneto escolheu. Entendo a vontade de introduzir o rei de Atlântida, porém, dava para ter feito bem melhor. Gosto de ver novamente uma história colorida por David, conseguindo ver a consistência no trabalho dele, já a arte do Ramón me dividiu bastante. O nível de detalhes que ele consegue colocar nos cenários é incrível, porém a escolha estética dos personagens, especificamente os rostos, não me agrada nem um pouco. Tanto Emma Frost quanto Magneto ficaram terríveis, com alguns momentos bem feios. Fora o contrasto de cenas muito bem desenhadas com o personagem tendo seu rosto indefinido. Não gostei de suas escolhas, embora isso não queira dizer que seja um trabalho ruim, apenas não me agradou.
“X-Men” 17 é destas edições que ao ver o índice eu fico totalmente desanimado de ler, porque não vejo histórias com meus grupos mutantes prediletos, porém ao ler fui surpreendido positivamente. Gostei de todas histórias presentes, algumas mais, algumas menos, mas o saldo é positivo. Dificilmente lembrarei de qualquer coisa desta revista em alguns dias, mas nem toda edição precisa ser épica. Me agrada que a Panini seguiu incluindo as capas alternativas como “bônus” espalhado pela revista. Me desagrada que eu já nem lembro mais quais são as histórias “paradas” dos “X-Men”, só lembro que pareciam importantes. Tem muito título mutante e entendo a vontade da Panini em traze-los para o Brasil dentro da revista dos “X-Men”, só fico na dúvida se todos estes títulos serão relevantes para o andamento das sagas ou se é apenas para pegar nosso suado dinheirinho. Este mês a revista fica com 3,5 de 5 bengalinhas.